Dizem que conselho não serve pra nada. Principalmente se for Conselho da ONU, que vive a desorientar o Oriente Médio (Israel is real!). Por isso, não vou dar conselho, apenas falar sobre as eleições para presidente da República, aqui no Brasil. Enquanto o PCC não lança candidato, vejamos quais são as opções que nos restam, da direita pra esquerda.
Luciano Bivar, o presidente do Sport Club do Recife, quer ser presidente do Brasil, mas não passa do primeiro turno. Ainda bem, pois, a tirar pelo que ele vem fazendo no Sport, se pessoas assim ganhassem as eleições, o Brasil não passaria da segunda divisão e não seria nunca um país de primeira.
Os alckimistas estão chegando, achando terem descoberto o remédio para todos os males, o santo remédio, o "Ópio Dei". Não sabem da missa um terço, nem um cesto. De chuchu. Não nos preocupemos, entretanto. A "pedra filosofal" é bom devoto, mas é ruim de voto. Entende de ex-voto, mas não de voto. Deixemos pra ele apenas a "panacéia desvairada", pois o Brasil já provou dessa droga e de seus genéricos durante cerca de quarenta anos e agora eles estão fora de validade. Vota nele e tu entras pelo cano.
Lula, em algumas ocasiões, avançou o sinal e, por sinal, talvez por isso tenha, agora, resolvido diminuir o valor das multas do código de trânsito. Mas, é que a estrada estava mal sinalizada e ele, correndo muito, pois só tinha quatro anos pra recuperá-la. Não convém, portanto, suspender seu direito de dirigir. Ele tem poucos pontos na carteira de motorista e, pra ser passível de suspensão, o código dá vinte (isso não está me cheirando bem, está cheirando a chuchu, a hóstia hostil, Ópio Dei, ops, Opus Dei). Dêem-lhe, então, um voto de confiança. Dêem o exemplo: nessa eleição, respeitem o sinal vermelho.
Ao escolherem seu candidato, não pensem se é primeiro ou segundo turno, nem em votar em quem tem mais chance. Votem em quem quiserem, votem em vão, votem em Cristóvam. Abram o peito e digam orgulhosos: "Eu votei em Vam"! Não vão se arrepender. Ou então abram as portas e deixem o Sol entrar ...
Heloísa Helena é uma mulher com H maiúsculo (logo dois!). Só veste jeans e camiseta, não tá nem aí pra bolsa, não faz uso de maquiagem e não gosta de quem USA. Agora, receber o apoio de Garotinho é brincadeira! Assim, não brinco mais.
Resumindo:
Direita, volver! Esquerda? Vou ver.
30.7.06
Servidores e SINASEMPU:
a força da União*
Trabalhador sem sindicato
Não é trabalhador de fato
Nem tampouco de direito
É um pobre dum sujeito
Que vive à mercê do patrão
Contenta-se com o ganha-pão
E não luta por seus direitos
Até que ele se aposente
Depois de anos no batente
E aí venha um presidente
E o chame de vagabundo
Na frente de todo o mundo
Num desrespeito total
Na maior cara-de-pau
Se faço protesto, não presto
A fazer greve, quem se atreve?
Se me aposento, sou mal elemento
Uma só voz se perde no vento
Mas a união faz o momento
Lutar sozinho é perda de tempo
Lutemos eu, você e o Sinasempu
Num país de desempregados e míseros salários
De violência urbana e conflitos agrários
De injustiças sociais e preconceitos vários
De muitos discriminados e poucos privilegiados
De promessas fáceis a problemas complicados
Os primeiros passos podem ser dados
Se todos forem sindicalizados
Com um sindicato, a história é diferente
Tem-se alguém que fale por a gente
Como o Sinasempu, sempre presente
Premiando quem é filiado
Denunciando o que está errado
Com Luiz Ivan e Márcia Broxado
Junto aos servidores, lado a lado
O Sinasempu também está presente
Em nossa luta por um salário decente
Contra nepotismo empregando parente
Contra assédio moral patente ou latente
Com postura e atitude que nos fortalece
Por um trabalho justo, digno e sem stress
Pela reestruturação do MPU e pelo nosso PCS
* Trabalho inscrito no concurso literário em comemoração aos dez anos do SINASEMPU (Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União) http://www.sinasempu.org.br/Concurso/concurso.htm
Não é trabalhador de fato
Nem tampouco de direito
É um pobre dum sujeito
Que vive à mercê do patrão
Contenta-se com o ganha-pão
E não luta por seus direitos
Até que ele se aposente
Depois de anos no batente
E aí venha um presidente
E o chame de vagabundo
Na frente de todo o mundo
Num desrespeito total
Na maior cara-de-pau
Se faço protesto, não presto
A fazer greve, quem se atreve?
Se me aposento, sou mal elemento
Uma só voz se perde no vento
Mas a união faz o momento
Lutar sozinho é perda de tempo
Lutemos eu, você e o Sinasempu
Num país de desempregados e míseros salários
De violência urbana e conflitos agrários
De injustiças sociais e preconceitos vários
De muitos discriminados e poucos privilegiados
De promessas fáceis a problemas complicados
Os primeiros passos podem ser dados
Se todos forem sindicalizados
Com um sindicato, a história é diferente
Tem-se alguém que fale por a gente
Como o Sinasempu, sempre presente
Premiando quem é filiado
Denunciando o que está errado
Com Luiz Ivan e Márcia Broxado
Junto aos servidores, lado a lado
O Sinasempu também está presente
Em nossa luta por um salário decente
Contra nepotismo empregando parente
Contra assédio moral patente ou latente
Com postura e atitude que nos fortalece
Por um trabalho justo, digno e sem stress
Pela reestruturação do MPU e pelo nosso PCS
* Trabalho inscrito no concurso literário em comemoração aos dez anos do SINASEMPU (Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União) http://www.sinasempu.org.br/Concurso/concurso.htm
23.7.06
Coisa mais linda
O filme "Vinícius", de Miguel Faria Jr., exibido nos cinemas em 2005, está agora disponível em DVD duplo. O documentário, sobre a vida e a obra do poeta Vinícius de Moraes, tem direção musical do maestro Luiz Cláudio Ramos, o mesmo que fez os arranjos das músicas do novo CD Carioca, de Chico Buarque e sua bela trilha sonora foi lançada em CD pela gravadora Biscoito Fino.
O diretor Miguel Faria Jr. tem em seu currículo filmes premiados no exterior, como "Pecado Mortal", de 1970 e "República dos Assassinos", de 1979, além de "Para Viver um Grande Amor", de 1984, com roteiro de Chico Buarque para adaptação de uma peça teatral de Vinícius, de nome "Pobre Menina Rica". Por não ter gostado do resultado final desse trabalho (muito bom na parte musical), o diretor sentia-se, desde então, em débito com Vinícius, como afirmou em entrevista, o que o estimulou mais ainda a realizar este filme sobre o poeta.
Vinícius foi crítico de cinema, diplomata e escreveu, em 1956, a premiada e inovadora peça "Orfeu da Conceição", a qual iniciou sua parceria musical com Tom Jobim, que daria origem à Bossa Nova, juntamente com João Gilberto. A peça foi adaptada, depois, para o cinema, em duas ocasiões: no filme "Orfeu do Carnaval", de 1959, dirigido por Marcel Camus e vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e, quarenta anos depois, no filme "Orfeu", de Cacá Diegues. Mas é na poesia e na música sua maior (em todos os sentidos) contribuição, como ele mesmo confirma, em entrevista a Clarice Lispector: "Cresci ouvindo música. Depois a poesia fez o resto".
Além de mostrar essa inquestionável importância de Vinícius de Moraes na poesia e na música brasileira, o filme "Vinícius" mostra também aspectos de sua vida pessoal. Aliás, analisando-se a trajetória de sua vida exposta no filme, pode-se concluir que seu espírito jovem, sua simplicidade e o imenso valor que atribuía à amizade explicam a razão de ele ter trocado a vida de diplomata e de poeta, trabalho solitário, pela música popular, onde ele sempre trabalhou com parceiros, com quem se reunia freqüentemente em sua casa. Outras vezes, cedia suas poesias para serem musicadas por então jovens talentos, como a bela "Rosa de Hiroshima", por Gerson Conrad, integrante do grupo Secos e Molhados, e algumas poesias infantis, por Toquinho, no disco "Arca de Noé".
Como se não bastasse o próprio Vinícius, depoimentos interessantes, ora comoventes, ora bastante divertidos de parentes, especialmente suas filhas e de parceiros e amigos como Chico Buarque, Edu Lobo, Ferreira Gullar, Toquinho, Tônia Carrero e Maria Bethânia, contam detalhes curiosos e inusitados de sua vida artística e pessoal, como a origem da letra da música "Pra que chorar" (Vinicius de Moraes / Baden Powell)*, feita para um colega de quarto num hospital e interpretada no filme por Zeca Pagodinho e de seu casamento com Gesse Gessy, atriz baiana. Outros depoimentos, aprazíveis aos amantes da música, relatam as transformações que a mesma sofreu na década de 60 aqui no Brasil e a fundamental participação de Vinícius nesse processo. O filme também exibe cenas que mostram o poeta em momentos descontraídos e inebriantes (novamente em todos os sentidos) com os amigos e em apresentações em palco junto com o parceiro Toquinho, entremeadas por bonitas interpretações de suas músicas e poesias.
Por tudo isso, assiste-se ao filme rindo, emocionando-se ou apenas deleitando-se, mas com um desejo unânime de que ele não termine (ou que seja infinito enquanto dure). Não é à toa que, em várias sessões nos cinemas do Rio de Janeiro, o filme foi bastante aplaudido ao final das exibições.
O segundo DVD tem cenas inéditas de Ricardo Blat e Camila Morgado declamando poemas de Vinícius de Moraes, algo que fizeram com emoção e de forma magistral nas cenas do filme, bem como entrevistas com o diretor Miguel Faria Jr. sobre sua relação com o poeta, o processo de criação e os critérios de seleção das músicas do documentário.
* Pra Que Chorar (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
Pra que chorar, se o sol já vai raiar
Se o dia vai amanhecer
Pra que sofrer, se a lua vai nascer
E é só o sol se pôr
Pra que chorar, se existe amor
A questão é só de dar, a questão é só de dor
Quem não chorou, quem não se lastimou
Não pode nunca mais dizer
Pra que chorar, pra que sofrer
Se há sempre um novo amor
Cada novo amanhecer
Feliz aniversário
É um dia normal. Acordamos e estamos um dia mais velhos. Como sempre. Vamos à rua e todos são, a nós, indiferentes. Como sempre. Mas, de repente, percebemos amigos e parentes, pessoas próximas, todos pensando em nós ao mesmo tempo. Como nunca. E recebemos deles doses concentradas de carinho e atenção, por meio de abraços e palavras, gestos e pensamentos, sorrisos e lembranças. Mais do que nunca.
Tínhamos que ter alguma compensação pelo fato de estarmos completando um ano a mais, além da tão propalada experiência de vida. E a compensação é justamente a magia de, em um único dia, mantermos contato com todas as pessoas que nos são importantes, que nos apreciam e estimam e que, nesse dia, concentram em nós suas atenções.
Um sorriso e um abraço sinceros dos que estão por perto valem cada fio de cabelo branco, uma mensagem sincera e carinhosa dos que estão longe vale cada ruga a mais no rosto. Que todos os dias sejam dias de aniversário e no dia seguinte tudo volte ao normal. É assim que devemos envelhecer e é assim que quero envelhecer. Com pessoas estimadas sempre próximas, num lugar "onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais"* (dedico este texto a todos os que, certamente, farão parte desse jardim).
No dia seguinte, tudo volta ao normal ...
* Trecho da música "Casa no campo" (Zé Rodrix e Tavito)
Tínhamos que ter alguma compensação pelo fato de estarmos completando um ano a mais, além da tão propalada experiência de vida. E a compensação é justamente a magia de, em um único dia, mantermos contato com todas as pessoas que nos são importantes, que nos apreciam e estimam e que, nesse dia, concentram em nós suas atenções.
Um sorriso e um abraço sinceros dos que estão por perto valem cada fio de cabelo branco, uma mensagem sincera e carinhosa dos que estão longe vale cada ruga a mais no rosto. Que todos os dias sejam dias de aniversário e no dia seguinte tudo volte ao normal. É assim que devemos envelhecer e é assim que quero envelhecer. Com pessoas estimadas sempre próximas, num lugar "onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais"* (dedico este texto a todos os que, certamente, farão parte desse jardim).
No dia seguinte, tudo volta ao normal ...
* Trecho da música "Casa no campo" (Zé Rodrix e Tavito)
3.7.06
Só queria agasalhar meu anjo ...
Moda e política, embora não combinem e tenham graus de relevância e impacto opostos no cotidiano e na vida das pessoas, já andaram juntas, tempos atrás, quando a estilista Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, fez protestos nas passarelas para denunciar os desmandos da ditadura militar que vitimaram seu filho, Stuart Angel.
No início da década de 70, Zuzu Angel já era uma estilista bastante conhecida no Brasil e no exterior. Seu filho Stuart, militante do MR-8, organização de esquerda brasileira, foi preso, torturado, assassinado e dado como desaparecido político no governo militar de Médici, em 1971, quando tinha 26 anos. A partir de então, ela iniciou uma luta ávida e destemida pela localização e recuperação do corpo de seu filho e protestou contra o regime militar com o instrumento de que dispunha, a moda. Denunciou através de suas vestes e de antológicos desfiles, como o realizado no consulado brasileiro em Nova York, no qual ela, que tinha os anjos como marca de suas confecções, devido a seu sobrenome, utilizou como motivo das estampas de sua coleção anjos machucados, feridos, sangrando. Em seus "desfiles políticos", os manequins desfilavam com vendas nos olhos e mordaças na boca. Sem perder tempo, fez denúncias à ONU, fez protestos até em aviões, aproveitando suas viagens e pediu apoio a artistas, intelectuais e políticos de esquerda.
Há exatos trinta anos, Zuzu Angel morreu em um estranho acidente de carro, no túnel Dois Irmãos (que posteriormente recebeu seu nome), no Rio de Janeiro, uma semana após escrever uma carta a seu amigo, o compositor Chico Buarque de Hollanda, dizendo-se ameaçada e responsabilizando o governo dos militares, ou os assassinos de seu filho, como ela se referia a eles, por algo de ruim que porventura lhe acontecesse. No ano seguinte à morte da estilista, em 1977, Chico Buarque compôs em sua homenagem a bela música Angélica, em parceria com Miltinho, do conjunto MPB-4 (ver letra ao final do texto) e gravou-a em seu disco Almanaque, de 1981.
Em um comovente artigo publicado há dois anos no JB Online, "Letra para uma mãe lutadora", Hildegard Angel, irmã de Stuart e atualmente colunista do Jornal do Brasil, conta como se emocionou ao escutar a gravação dessa música pelo conjunto Quarteto em Cy, enviada para ela pelas integrantes do grupo. Seu depoimento é tocante, principalmente quando se refere a um trecho da letra que diz: "Só queria embalar meu filho que mora na escuridão do mar". O corpo de Stuart Angel nunca foi encontrado, tendo sido jogado ao mar, segundo relatos da época. Sobre esse fato, ela diz que, anos depois, encontrou uma poesia feita por seu irmão na adolescência, parafraseando Dorival Caymmi, ao afirmar que "é doce morrer no mar". Diz também que, à época de seu desaparecimento, recebeu de um pai-de-santo a notícia de que ele se encontrava no fundo do mar, quando ela ainda alimentava esperanças de encontrá-lo vivo. Ainda mais inusitado é o fato de que o pai-de-santo era o compositor Herivelto Martins
Esta página infeliz da nossa história será relembrada no filme Zuzu Angel, de Sérgio Rezende, que tem estréia nacional no próximo dia 4 de agosto. O roteiro é uma parceria entre o próprio Sérgio Rezende e Marcos Bernstein, roteirista do premiado e bonito filme Central do Brasil e a produção é de Joaquim Vaz de Carvalho, amigo de Stuart. Além de Angélica, de Chico Buarque e Miltinho, o filme tem, também, música de Cristóvão Bastos.
No elenco, além de Patrícia Pillar como protagonista, no papel de Zuzu Angel, estão atores experientes como Ângela Vieira, Othon Bastos e Nelson Dantas, que faleceu este ano, em seu último trabalho, e os jovens e talentosos atores Leandra Leal, que vem se destacando em trabalhos na televisão e no cinema, mas ainda não recebeu um papel à altura de seu talento e Daniel de Oliveira que encantou no papel-título de Cazuza – O tempo não pára, um filme inesquecível para quem viveu a época e era admirador do poeta; será Frei Betto em Batismo de Sangue, que também fala de política à época da ditadura e interpretará Stuart Angel nesse longa-metragem que traz ainda no elenco Alexandre Borges e Luana Piovani no papel da simpática Elke Maravilha (que, aliás, faz uma ponta no filme), a modelo preferida e amiga íntima da estilista, que foi presa por protestar em sua defesa, em episódio retratado na película.
O filme chega em boa hora, perto das eleições, para reavivar a memória dos espectadores e para que as gerações mais novas possam saber melhor quem é essa mulher, pois a moda agora é esquecer que estilistas sem talento que costuraram o triste destino do Brasil e modelos que desfilavam na Arena daqueles tempos, vestindo-se num estilo conservador e retrógrado, e que se mantiveram na mídia até bem pouco tempo, querem, agora, voltar às passarelas, pôr novamente as mangas de fora e posar travestidos de "prafrentex", como se dizia naquele tempo.
Angélica (Miltinho - Chico Buarque)
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino?
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar
Mais informações sobre o filme em:
http://www.zuzuangelofilme.com.br
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