24.10.06

Sábio Sabino

No mês em que se comemora o dia das crianças, presto uma singela homenagem a Fernando Sabino, autor de diversos contos, crônicas e livros como "O encontro marcado", publicado em vários países e "O grande mentecapto", entre outros.

Aprendi a admirá-lo ainda na infância, lendo seus contos que fizeram parte dos vários volumes da deliciosa coleção "Para gostar de ler", entre eles "O homem nu"*, bastante leve e divertido (pra nós, não pra o homem), que já dera nome a um de seus livros de contos e crônicas e posteriormente foi adaptado para o cinema. Além de Fernando Sabino, a coleção "Para gostar de ler" contava, ainda, com as notáveis contribuições de Rubem Braga, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade, que tornavam fácil aos pequenos leitores iniciantes o alcance do objetivo claramente expresso em seu nome.

Não é fácil escrever para crianças e adolescentes, nem despertar seus interesses para a leitura, sem guardar um pouco deles dentro de si, algo que Sabino sempre buscou, declaradamente, ao longo de suas mais de oito décadas vividas. Decerto devido ao seu jeito simples, agradável e informal de escrever, imaginava-o, à época, bem mais jovem do que seus por mim então desconhecidos cinqüenta e poucos anos.

Hoje, percebo que, de certa forma, ele era jovem mesmo, algo que pude compreender melhor tomando conhecimento de seu epitáfio. Nascido e sepultado no dia das crianças, 12 de outubro, em sua lápide está escrito, a seu pedido: "Aqui jaz Fernando Sabino. Nasceu homem, morreu menino". Ou seja, enquanto eu estava me tornando menor, virando homem, ele estava crescendo, virando criança, realizando o desejo de toda sua vida, o qual ele resumiu nas seguintes frases, que revelam bem sua admiração e amor aos pequeninos, sentimentos com os quais compactuo:

"Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino".



* Clique aqui para ler o conto