24.1.08

O que foi manchete em 2007

2007 chegou ao final e, ao final, afinal, chegou a tv digital, ou, ao menos, seu sinal, o que, por sinal, já é um bom sinal. Enquanto a maison de Odete foi manchete local, os filhos de Chitãozinho e Xororó foram manchete nacional. O inseparável casal separou-se, afinal. Agora, Sandy e Júnior vai cantar sozinho, enquanto Sandy e Júnior vai tocar só. Bem ou mal, no mais andou tudo igual, como é natural. Aquecimento global, operações da polícia federal, escândalos no planalto central, et cetera e tal. Mas, tá legal, logo chega o carnaval, pra melhorar o astral.

Numa nação que mais parece uma panela de pressão, "Tropa de Elite" passou como um furacão, despertou atenção, provocou reflexão e quem comanda o caldeirão fez do capitão a solução das mazelas da nação. Parte da elite admite seus métodos de ação, deu razão ao capitão, deu ibope ao BOPE, fez das tropas coração. Outra parte da população, de mais sensata opinião, disse que não, que se evite fazer injustiça com a própria mão, que não se acredite na lei de talião, da selva ou do cão e deu outro palpite nessa discussão: dura lex, sed lex, sim. Mais do que isso, não. E não só pra "moleques" ou ladrão de Rolex, mas pra todo cidadão, qualquer infração, roubo ou corrupção e colarinhos de qualquer coloração.

O rei Roberto foi esperto, mas não escapou dos achincalhes ao recolher os exemplares de "Roberto Carlos em Detalhes". Pra alguns, Roberto está certo e de razão está coberto: sua vida não tem que ser um livro aberto, nem precisa ser vista de tão perto. Pra maioria, houve censura, decerto, e Roberto fez jogo sujo com P. C. Araújo, o autor do dito cujo, que ficou boquiaberto, e seu livro, com um futuro incerto, embora, pra encontrá-lo, não precise ser tão esperto.

Não bastasse a frustração na perseguição a Osama, no Afeganistão ou não sei onde estão, antes de vestir o pijama, Bush tem nova razão pra cair da cama e fazer drama: na eleição pra sua sucessão, os seus enfrentarão Obama ou a ex-primeira dama, não terão outra opção. E, fazendo jus a sua fama, ao que o povo reclama e às mudanças que conclama, a começar pelo Alabama, a derrota tá na mão, não tem solução. Bush não relaxa com tanta queixa e desembucha que acha que sua pecha de gostar de rixa é fuxico, pois quando Chavez debocha, ele só estrebucha. O resto é agouro de Al Gore.

Duas falas foram comentadas em todas as salas por aqui: de Juan Carlos, o "por qué no te callas?" e o "relaxa e goza", de Marta Suplicy. Dizem que ambos poderiam usá-las pra falarem entre si: "relaxa e goza" pra Juan Carlos, "por qué no te callas?" pra Suplicy.

O timão, rebaixado no Brasileirão, pra os paulistanos, tá na sarjeta. Tudo bem que a ascensão não se resolve mais com mutreta, mala preta ou caneta, mas também, segunda divisão não é coisa de outro planeta e equipes de tradição, o que, aliás, todas são, já viram de perto a coisa preta, mas honraram a camiseta e não fizeram confusão, só cumpriram sua missão e aprenderam a lição, voltando mais fortes na subseqüente edição.

No mais, desejo a todos ao menos um 2008 mais ou menos. Mais gentileza, menos aspereza, mais delicadeza, menos dureza, mais pureza, menos esperteza, mais fartura pra todos na mesa, menos avareza, menos agressão à natureza. 2008 é ano bissexto, isso está fora de contexto, mas assim encontro um pretexto pra terminar meu texto.