Há algumas semanas, escrevi sobre um filme de perfil jovem, “Across the universe”, feito para agradar, sobretudo, mas não apenas, aos adolescentes. Desta vez, para falar de outro que, se não é musical no sentido estrito, tem a música como principal destaque, dirijo-me aos adolescentes de cabelos brancos, como o roteirista Luiz Bolognesi descreveu seu público-alvo, a turma da terceira idade, mas não apenas a eles. Os da segunda também são bem vindos, pois este senhor filme é de primeira.
"Chega de Saudade", de Laís Bodanzky, tem como único cenário um salão de baile numa noite paulistana, ambiente, em geral, freqüentado por pessoas de mais idade. Em vez de criar uma trama que nos permita conhecer os personagens a fundo, o filme tem como interesse principal mostrar situações comuns vivenciadas nesses espaços, bem como retratar o perfil de seus freqüentadores: casais, amantes, carentes, galanteadores, independentes, sonhadores, solteiros à procura de parceiros ou apenas de diversão. De suas vidas, sabemos apenas o que se passa no baile, em uma única noite: o filme começa na entrada e termina na saída da festa. A mensagem que fica é: chega de saudade, vamos entrar na dança e aproveitar a vida.
Apesar do título e da época de seu lançamento remeterem à bossa nova e seu cinqüentenário, a trama de "Chega de Saudade" passaria toda ao largo desse tema, não fosse a execução, ainda que ao som de orquestra de baile, da canção homônima, durante os créditos finais. Ao contrário da sutileza e discrição características das canções bossa-novistas, as diversas músicas deste filme - por sinal presentes em todas as cenas - são de tirar o pé do chão, ainda que devagarinho. Algumas são interpretadas por Elza Soares, que atua como cantora do baile, com sua voz marcante.
É impossível não cantarolar baixinho várias delas, de diferentes épocas e estilos, mas tendo em comum o fato de serem bastante tocadas nos bailes da vida, em qualquer lugar do país: "Não deixe o samba morrer / Não deixe o samba acabar / O morro foi feito de samba / De samba pra a gente sambar", "Vem logo / Vem curar teu nego / Que chegou de porre / Lá da boemia", "Você não vale nada, mas eu gosto de você / Tudo o que eu queria era saber por quê", "Eu quero entrar na folia, meu bem / Você sabe lá o que é isso?", "Já tive mulheres / De todas as cores / De várias idades / De muitos amores", "Neste corpo meigo e tão pequeno / Há uma espécie de veneno / Tão gostoso de provar", "Nada do que foi será / De novo do jeito que já foi um dia / Tudo passa / Tudo sempre passará"...
A diretora e o roteirista do filme são os mesmos de "Bicho de Sete Cabeças", também muito bom, mas de outro estilo, chocante, tenso e angustiante. O elenco é formado por atores experientes e consagrados: Leonardo Villar, Tônia Carrero, Betty Faria, Cássia Kiss e Stepan Nercessian, entre outros. De atores jovens, apenas Paulo Vilhena, que faz o papel do operador de som do baile e Maria Flor, como sua namorada.
"Chega de Saudade", de Laís Bodanzky, tem como único cenário um salão de baile numa noite paulistana, ambiente, em geral, freqüentado por pessoas de mais idade. Em vez de criar uma trama que nos permita conhecer os personagens a fundo, o filme tem como interesse principal mostrar situações comuns vivenciadas nesses espaços, bem como retratar o perfil de seus freqüentadores: casais, amantes, carentes, galanteadores, independentes, sonhadores, solteiros à procura de parceiros ou apenas de diversão. De suas vidas, sabemos apenas o que se passa no baile, em uma única noite: o filme começa na entrada e termina na saída da festa. A mensagem que fica é: chega de saudade, vamos entrar na dança e aproveitar a vida.
Apesar do título e da época de seu lançamento remeterem à bossa nova e seu cinqüentenário, a trama de "Chega de Saudade" passaria toda ao largo desse tema, não fosse a execução, ainda que ao som de orquestra de baile, da canção homônima, durante os créditos finais. Ao contrário da sutileza e discrição características das canções bossa-novistas, as diversas músicas deste filme - por sinal presentes em todas as cenas - são de tirar o pé do chão, ainda que devagarinho. Algumas são interpretadas por Elza Soares, que atua como cantora do baile, com sua voz marcante.
É impossível não cantarolar baixinho várias delas, de diferentes épocas e estilos, mas tendo em comum o fato de serem bastante tocadas nos bailes da vida, em qualquer lugar do país: "Não deixe o samba morrer / Não deixe o samba acabar / O morro foi feito de samba / De samba pra a gente sambar", "Vem logo / Vem curar teu nego / Que chegou de porre / Lá da boemia", "Você não vale nada, mas eu gosto de você / Tudo o que eu queria era saber por quê", "Eu quero entrar na folia, meu bem / Você sabe lá o que é isso?", "Já tive mulheres / De todas as cores / De várias idades / De muitos amores", "Neste corpo meigo e tão pequeno / Há uma espécie de veneno / Tão gostoso de provar", "Nada do que foi será / De novo do jeito que já foi um dia / Tudo passa / Tudo sempre passará"...
A diretora e o roteirista do filme são os mesmos de "Bicho de Sete Cabeças", também muito bom, mas de outro estilo, chocante, tenso e angustiante. O elenco é formado por atores experientes e consagrados: Leonardo Villar, Tônia Carrero, Betty Faria, Cássia Kiss e Stepan Nercessian, entre outros. De atores jovens, apenas Paulo Vilhena, que faz o papel do operador de som do baile e Maria Flor, como sua namorada.