12.8.06

As duas faces do terror


Certamente, você lembra onde estava no dia 11 de setembro de 2001, um dia de muita angústia, incerteza, tristeza e medo para todos nós. A cena dos aviões chocando-se contra os dois prédios do World Trade Center, em Nova York, nos Estados Unidos, é impressionante, quem a viu nunca vai esquecer e, por mais que você a reveja, não consegue conceber tamanha tragédia. Em frações de segundos, centenas de vidas, nos aviões e nos prédios, acabaram-se e, em poucos minutos, outras milhares também, com a queda das torres. Foram quase três mil mortos e apenas vinte pessoas resgatadas com vida dos escombros. Parecia um filme de guerra, de ficção ou de terror, algo difícil de se esquecer. Parecia um filme e agora é isso também ...

Na semana em que a Inglaterra prendeu supostos suspeitos de planejarem ataques terroristas contra aviões que fazem a rota entre Londres e cidades americanas e há cinco anos dos atentados contra os maiores prédios de Nova York, foi lançado, nos Estados Unidos, o filme "World Trade Center" (traduzido como "Torres Gêmeas", no Brasil), de Oliver Stone que, além de "Platoon", sobre a guerra do Vietnã, dirigiu o filme "JFK – a pergunta que não quer calar", entre outros, e pretende, com este novo filme, dar ao episódio uma visão de esperança e luta em vez de morte e destruição. O filme conta a história real de dois sobreviventes dos atentados, John McLoughlin e Will Jimeno, os quais faziam parte, à época, da polícia de Nova York e que, ao tentarem salvar a vida dos que se encontravam dentro do World Trade Center após o choque dos aviões, acabaram se tornando, também, vítimas, ficando durante horas sob os escombros de uma das duas torres. No elenco, Nicolas Cage como John McLoughlin e Michael Pena, destaque em "Crash – No limite", como Will Jimeno.

O filme, que estréia no Brasil em outubro de 2006, é todo feito do ponto de vista dos dois policiais e, por isso, não mostra os aviões chocando-se contra as torres (que ironicamente situavam-se na Liberty Street), mas sim a angústia e o desespero de quem estava dentro dos prédios após o choque e antes dos desabamentos. Ao optar por mostrar o drama das vítimas, sem, também, analisar politicamente o fato, o diretor agradou à maioria dos espectadores (o filme foi considerado "patriótico" por alguns críticos americanos e foi bem recebido pela maioria da população de Nova York), mas perdeu a oportunidade de mostrar, também, ao mundo que, assim como o WTC tinha duas torres, o terrorismo tem duas faces. Sobre o mesmo tema, o canal de TV por assinatura GNT exibe os documentários "O Centro do Mundo" e "Uma História de Duas Torres", a partir do próximo dia 28 de agosto.

Nada justifica um ato de tamanha insanidade, mas é certo que, com a conivência e o apoio americanos, ou mesmo independente deles, atrocidades semelhantes são cometidas diariamente, em vários cantos do mundo, mas, como não acontecem em locais que têm próximos de si a Quinta Avenida, a Broadway, a Estátua da Liberdade ou a Wall Street, não recebem a mesma atenção da comunidade internacional. Ademais, depois desse triste episódio, milhares de outras vidas inocentes também foram (e continuam sendo) perdidas, no Afeganistão, no Iraque, no conflito entre Israel e Palestina e agora no Líbano, com a presença, o apoio ou simplesmente a indiferença dos Estados Unidos, em guerras insensatas, que não levam a nada e que nunca terminam. Tais guerras só fazem aumentar o ódio contra este país norte-americano, que está em maus lençóis (ou burcas), pois, diferentemente da Guerra Fria, que se autodissolveu, com o fracasso do regime comunista nos países do leste europeu, a guerra atual é de fundo religioso, da parte dos muçulmanos (embora um tanto quanto racista por parte dos americanos) e religião é algo bastante precioso para a população islâmica, a qual não se restringe a um só país, fazendo com que o terrorismo seja um inimigo permanente, disperso, oculto, apátrida e, por tudo isso, difícil de ser combatido, tornando esta uma espécie de guerra eterna e de difícil solução. Antes fosse apenas uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade fosse mera coincidência.

Página oficial do filme: www.wtcmovie.com.

Um comentário:

Anônimo disse...

Paulinho,
Gostei da sua crônica sobre o lançamento do filme das torres gêmeas. Com certeza esse filme trará grandes reflexões sobre o tema intolerância humana(religiosa, política,racial, sexua)pra todos nós.
O sofrimento humano é um só,e esse não escolhe posição social, nem lugar bonito ou feio no mundo pra ali aparecer!A história é a juíza da humanidade e mostra isso!
bjs, Annnna