Vejo com bons olhos, contudo, uma expressão artística que desperta a sensibilidade e impressiona a visão, sobre a qual atrevo-me a escrever, como admirador e não como conhecedor: o Impressionismo, especialmente na figura de Claude Oscar Monet, seu criador, pintor francês nascido há exatos 166 anos, cujo aniversário de 80 anos de morte dar-se-á neste mês de dezembro de 2006.
Monet não foi crítico nem contestador em seus trabalhos, tendo sua revolução ocorrido mais na técnica do que no conteúdo de suas obras, geralmente paisagens suaves e belas. Passou a infância na cidade do Havre, situada na foz do rio Sena, cena ideal para despertar seu gosto por essa pintura e, aos quinze anos, já era conhecido na cidade e ganhava dinheiro como caricaturista, o que poderíamos chamar de política "monetária".
A exposição que deu origem ao movimento impressionista ocorreu na cidade de Paris, em 1874 e seu nome provém de um quadro de Monet, apresentado na ocasião: "Impression: Soleil Levant" (Impressão: Nascer do Sol), nem tão representativo das características do Impressionismo, não fosse, justamente, seu título. Inicialmente usado pelos críticos em tom pejorativo, o nome "Impressionismo" foi mantido, por retratar bem duas importantes características do movimento: a valorização da construção subjetiva da imagem, das impressões do observador sobre ela e o hábito de pintura de paisagens in loco, retratando, assim, a primeira impressão do pintor (parecendo um esboço, na visão dos críticos), utilizado, principalmente, por Monet, já alguns anos antes do início formal do movimento.
"Impression: Soleil Levant" – Monet - 1874
("Impressão: Nascer do Sol", quadro que deu origem ao Impressionismo)
Tendo surgido após o Realismo que, na pintura, preocupava-se com a fidelidade à forma dos objetos retratados, o Impressionismo, por sua vez, preocupava-se com a fidelidade à percepção do objeto por parte do observador, possuindo como características, por conseguinte, o uso das variações de luz e seus reflexos sobre as imagens, dos efeitos de luz e sombra e a ausência de linhas e contornos bem definidos. Para reforçar essas particularidades, Monet fazia uso de paisagens a céu aberto e séries de quadros em seqüências, retratando paisagens em diferentes horas do dia, sob diferentes efeitos de luz. Além dele, o Impressionismo teve como principais expoentes os pintores Auguste Renoir e Edgard Degas e manifestou-se, também, na escultura, com Auguste Rodin e na música, com Maurice Ravel, todos franceses.
Se o Impressionismo é, em alguns aspectos, distante da realidade, uma característica em especial, reforçada por pintores ditos pós-impressionistas, aproxima-o das impressões que nos causa o mundo real, da maneira como percebemos a vida e seus acontecimentos: o processo de formação da imagem apenas em nossa retina, através da técnica do uso de cores complementares não misturadas, mas que, por meio de um fenômeno óptico, produzem um efeito de mistura em nossos olhos. Esta semelhança com a realidade é percebida quando observamos que a informação ou a imagem, sua interpretação e seus efeitos, assim como os acontecimentos, repercutem em nós dependendo da maneira como nossa mente os absorve. Quando assimilamos algo, não absorvemos apenas o fato em si, mas sim o fato como o percebemos, já impregnado de nós mesmos, de nossas vivências. Assim é a vida.
"La Promenade, la femme à l'ombrelle" – Monet - 1875
("O passeio, mulher com sombrinha", que retrata sua primeira esposa, Camille e seu filho mais velho, Jean)
“Eu não sou um grande pintor, um grande poeta. Sei apenas que faço o que posso para expressar o que sinto em frente à natureza.”
(Claude Monet)