* Aos jovens de bem que também vivem nos morros, favelas e complexos - à margem, não marginais -, igualmente vítimas da complexa violência nas cidades, inclusive policial.
Estão desenhando meu próprio destino
Com tinta bem forte pra não apagar
Com o sangue daqueles que vejo morrendo
Na porta de casa e não posso evitar
Liberdade que tenho de nada me serve
Na favela é assim, meu futuro é incerto
Não tenho comida, não tenho presente
Ninguém quer saber como tenho passado
Menino de rua, sigo minha sina
Lutar por trabalho, escola, comida
Luta desigual, onde vence o mais forte
É este o presente que ganho da vida
Meu irmão lá de baixo, este teve mais sorte
Morando na praia, vivendo de brisa
Se aprendo com a vida lidando com a morte
No final, nada muda: eu morro, ele, casa
Mas é meu irmão, não se pode negar
Afastado de mim pela sociedade
Não quero disputa, quero o meu lugar
E lutar pra que seja um lugar de verdade
Verdade que eu quero deixar pro meu filho
Que é a minha coroa, meu trono, castelo
Um castelo de cartas onde eu sou o rei
E onde um dia ele seja um príncipe com sorte
(Castelo de cartas - Paulo Bap, 2000)
(Castelo de cartas - Paulo Bap, 2000)
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